quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Eu estava lá...

Sentada em um desses bancos estreitos e quadrados, o cheiro da madeira recendia em meu nariz.
Eu podia  ver no clima, todos festejando , na beira das barracas de argola, peixaria, e também com seus filhos no carrossel.
Eu estava com uma pessoa ao meu lado, que não parecia ser a melhor, mas dizia ser meu namorado.
O clima das pessoas não me punha pra cima, estava cabisbaixa, e introvertida.
Mas tinha algo, que eu não podia tirar os olhos, era a roda- gigante, toda iluminada, ela fazia meus olhos brilhar, a sensação de estar nas alturas, com um toque de paixão, mamãe dizia sempre que a grande roda é para namoradinhos apaixonados.
Esse não  era um lugar apropriado pra mim, pois até então eu não tinha uma grande paixão.
É. Mas a vida não é assim,muita calma quando  falamos de sentimentos.
Acácia, minha amiga dos tempos colégio estava presente conosco também, acompanhada de seu namorado, aquele que não tirava mira de mim.
Eu o conhecia o tal sujeito a  pouco tempo, mais sabia que sua semelhança não era desconhecida, mas me passou despercebido, logo esqueci.
Eu e Acácia fomos para perto de uma tenda de maças do amor, aquelas coberta com uma linda calda vermelha, então me disse Acácia:
- Alice, você está bem com seu namorado, voce gosta mesmo do Adolfo?
Eu fiquei desconcertada, e sem pensar balancei a cabeça insinuando que sim .
E ela me respondeu:
- Eu já não posso dizer o mesmo, Daniel não está empolgado com nosso namoro, eu também não sinto o mesmo por ele, as coisas andam tão sem sentido.
Acácia, eu não sei o que dizer, nem o motivo do qual sua empolgação acabou tão rapidamente, semana passada você estava vivendo um sonho, e de repente caiu de cara no chão.
Alice, eu conheci Daniel  no final deste verão, ele mora na rua domingos, é conhecido como Nano, éramos amigos, e de uma hora pra outra acabamos nos relacionando.
Nanoo?
Sim, ele em pessoa!
Hmmmm, pensei comigo, ele era o galã do colégio no ensino Médio, aquele por quem fui apaixonada, e também humilhada perante todos meus amigos, eu não era popular no colégio, era reservada, e inocente.
A vergonha foi tanta que cheguei ao ponto de me matricular em outro colégio.
Sou mulher, com meus conceitos, e também personalidades, as vezes um pouco geniosa, mas sou menina de me apaixonar pela pessoa certa, eu não compreendia a razão de me apaixonar por um canalha como Nano.
Compramos a maça do amor, e foi só eu dar a primeira abocanhada que sem querer perdi o  equilíbrio na minha  mão e a maçã caiu no chão.
Daniel, me trouxe outra, Adolfo ficou constrangido pelo acontecimento, agradeci pela maçã, e não tive com rejeitar.
Genteee, vamos para a Roda-Gigantee? Disse Daniel, todo empolgado!
Adolfo pediu para ir ao toalete, Acácia se dispõe para mostrar o caminho, pensei comigo no mesmo instante que seria uma jogada para me dar o troco, Ela estava fuzilando!
Me liguei quando senti o clima.
 Daniel me olhando, e pior, estávamos sozinhos.
Ele não se conteve, e disse:
-Alice, eu lembro de você, como posso me esquecer?
Eu sempre te admirei, mas vi o quanto eu fui tolo em te magoar e envergonhar na frente de todos que estavam em volta.
Meus conceitos daquela época eram diferentes, minha vida era ser popular.
Hoje, eu cai na real, estou namorando Acácia, para me aproximar novamente de você.
No mesmo momento fiquei vermelha, de raiva, de vergonha, e também confesso que muito surpresa com o que ele me disse!
Fui orgulhosa, me exaltei , e disse que ele estava brincando com minha amiga, e que ela era muito mais importante do que ele, e nem se quer lembrava que ele existia!
Ele respeitou minha decisão, abaixou a cabeça e me chamou para ir atras de Adolfo e Acácia que estavam demorando,assim fomos ate o toalete para encontrá-los.
Decepcionados olhamos para eles, pois estavam se flertando, agarrados um no outro se beijando, sem reações, Adolfo olha pra mim , e diz:
-Perdão Alice, eu nunca fui feliz ao seu lado, nunca me imaginei namorando contigo.
Acácia me atrai, rolou uma quimica muito maior com ela, não fui fiel a você, logo sentei na areia daquele parque, e comecei a chorar, Daniel gritou com Adolfo, logo pensei que era para defender Acácia, mas jogou a realidade na frente de todos e disse que seu amor  era todo meu.
Fiquei admirada com sua atitude, afinal podia ser mais uma vez uma brincadeirinha de mal gosto.
Eu tive dois caminhos, largar tudo e sozinha  ir pra casa, ou  ceder uma chance para meu antigo amor de colégio.
Ele me deu a mão , e começou a sacudir minha roupa para tirar a areia que estava em mim, e me abraçou.  
No mesmo instante eu cai em prantos, aquilo tinha sido a melhor coisa que tinha me acontecido naquele dia, eu pude ver com outros olhos aquele lugar, o clima chato e sem graça, começou a ter sentido!
Eu pude ver perfeitamente o caminho que me levava, não tive forças para negar, somente curti aquele momento na roda gigante, lembrei da minha mãe, não podia esperar para chegar em casa e contar a verdade,
a verdade sobre minha nova paixão! (por Isadora Vasconcelos).


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